Ana Helena Ulbrich e a Inteligência Artificial na Saúde Pública Brasileira
Ana Helena Ulbrich é uma farmacêutica gaúcha de Capão da Canoa (RS), reconhecida internacionalmente na lista TIME100 AI 2025 como uma das 100 pessoas mais influentes em Inteligência Artificial no mundo. Ela é cofundadora e diretora executiva da NoHarm.ai, uma deep tech sem fins lucrativos que nasceu no Parque Científico e Tecnológico da PUCRS (Tecnopuc).
Aplicação de IA na NoHarm.ai
A plataforma desenvolvida por Ana Helena utiliza algoritmos de inteligência artificial para revisar prescrições médicas e aumentar a segurança dos pacientes no sistema de saúde brasileiro. A tecnologia analisa automaticamente interações medicamentosas, verifica dosagens, identifica comorbidades e sinaliza riscos potenciais aos farmacêuticos clínicos.
O sistema de IA da NoHarm.ai funciona como uma ferramenta de apoio à decisão clínica, organizando medicamentos, revisando receitas em tempo real e alertando sobre possíveis erros de prescrição que poderiam comprometer a segurança do paciente. A inteligência artificial processa dados complexos de milhões de prescrições para identificar padrões de risco e sugerir intervenções farmacêuticas preventivas.
Reconhecimento Internacional
Na lista TIME100 AI 2025, Ana Helena foi classificada na categoria "Inovadores", ao lado de figuras como Elon Musk (xAI), Sam Altman (OpenAI), Mark Zuckerberg (Meta) e Jensen Huang (NVIDIA). A lista, lançada pela terceira vez desde 2023, destaca pessoas que estão moldando o futuro da IA através da inovação, gestão empresarial, pesquisa e aplicações práticas.
Segundo a revista Time, o objetivo da lista é mostrar que a direção da IA será determinada não por máquinas, mas por pessoas inovadoras, defensoras, artistas e todos aqueles com interesse no futuro dessa tecnologia. Ana Helena é a única mulher brasileira na categoria "Inovadores", embora outros dois brasileiros também tenham sido incluídos: Cristiano Amon (CEO da Qualcomm) na categoria "Líderes" e Mike Krieger (cofundador do Instagram e diretor de produtos da Anthropic) também em "Inovadores".
Impacto e Escala
A NoHarm.ai já impactou significativamente o sistema de saúde brasileiro com números expressivos:
- Mais de 200 hospitais, clínicas e centros de saúde utilizam a plataforma
- Cerca de 5 milhões de prescrições médicas são analisadas mensalmente pela IA
- Mais de 2,5 milhões de pacientes foram beneficiados pela solução
- Equipe de 20 colaboradores distribuídos em três estados do Brasil
- Atendimento tanto no SUS quanto em instituições privadas
Modelo de Negócio e Filosofia
O diferencial da abordagem de Ana Helena está no modelo sem fins lucrativos escolhido para a NoHarm.ai. A plataforma é oferecida gratuitamente aos hospitais públicos do SUS, enquanto instituições privadas pagam uma taxa para utilizá-la. Essa decisão foi consciente e motivada por valores sociais, como ela própria declarou: "O caminho comum é criar uma empresa para ficar milionário. Nós nunca quisemos ser milionários. Não tínhamos essa necessidade ou essa vontade".
A NoHarm.ai recebe apoio financeiro de instituições como a Bill & Melinda Gates Foundation, o Google, o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Uname.
Origem e Motivação
A ideia da startup surgiu da experiência prática de Ana Helena como farmacêutica no Grupo Hospitalar Conceição, em Porto Alegre. Com mestrado e doutorado em Química pela UFRGS e especialização em segurança do paciente pela Fiocruz, ela percebeu que a sobrecarga de trabalho dos profissionais de saúde gerava riscos significativos para os pacientes.
Em 2019, Ana Helena provocou seu irmão Henrique Dias, cientista de dados e doutorando na PUCRS, para desenvolverem juntos uma solução tecnológica para esse problema. Assim nasceu a NoHarm.ai, com o objetivo declarado de "impactar o sistema de saúde como um todo, melhorar do SUS ao atendimento privado usando a ciência para garantir a qualidade e eficiência dos serviços".
Contexto Global da IA
O reconhecimento de Ana Helena ocorre em um momento de intensa competição global por talentos em IA. Segundo a revista Time, a demanda por especialistas em inteligência artificial alcançou níveis comparáveis aos das grandes ligas esportivas, com investidores destinando centenas de milhões de dólares a novas empresas e gigantes tecnológicos oferecendo contratos milionários.
O cientista informático Stuart Russell, também incluído na lista TIME100 AI, estima que o gasto previsto em IA poderia ser 25 vezes maior que a inversão realizada no Projeto Manhattan, incluindo os ajustes por inflação. Nesse cenário de investimentos massivos e competição acirrada, a abordagem social e não lucrativa de Ana Helena se destaca como um exemplo alternativo de aplicação da IA.
Relevância Estratégica
A inclusão de Ana Helena Ulbrich na lista TIME100 AI 2025 fortalece a posição do Brasil no debate sobre o futuro da tecnologia e suas aplicações práticas. Sua história demonstra que a IA pode ser aplicada de forma ética e inclusiva, priorizando o benefício social em vez do lucro máximo, e que soluções tecnológicas avançadas podem ser desenvolvidas em países em desenvolvimento para resolver problemas locais com impacto global.